O último trimestre do ano é sempre um ponto de virada. É quando as áreas jurídicas olham para trás, avaliam o que funcionou e, principalmente, decidem como querem operar no próximo ciclo.
Ao analisar os principais debates de 2025, dados de mercado, eventos do setor e a experiência prática de grandes empresas, um ponto ficou claro: a gestão de contratos será o centro da transformação jurídica em 2026.
Mais do que uma discussão sobre tecnologia, esse movimento é sustentado por três pilares que ganham protagonismo: inteligência artificial aplicada ao jurídico, a consolidação de Legal Ops como modelo operacional e a necessidade de comprovar ROI em tempo, custo e mitigação de riscos.
Neste artigo, reunimos as principais tendências de gestão de contratos para 2026, com insights práticos e ações que você já pode começar a aplicar.
IA no jurídico só gera valor quando encontra uma operação bem estruturada
A inteligência artificial aplicada à gestão de contratos já deixou de ser tendência e se tornou realidade operacional, para 2026, o diferencial não estará em “ter IA”, e sim em estar preparado para usá-la de forma consistente, segura e estratégica.
Na prática, a IA aplicada à gestão contratual já consegue:
- Extrair e classificar cláusulas;
- Identificar riscos e desvios de padrão;
- Apoiar análises e revisões mais rápidas;
- Criar alertas inteligentes com base em dados históricos.
Mas a maturidade do mercado mostra um ponto crítico: a IA não resolve a desorganização. Sem dados confiáveis, processos claros e governança, a tecnologia amplifica problemas em vez de resolvê-los.
As áreas que extraem valor da IA são aquelas que:
- Organizaram sua base contratual;
- Padronizaram documentos;
- Definiram critérios claros de uso;
- Treinaram seus colaboradores.
💡Boas práticas para preparar o jurídico para IA:
- Governança primeiro: Antes de contratar qualquer software, desenhe sua política de uso de IA e de gestão de dados;
- Organize seus dados: Comece a organizar e estruturar as informações mais críticas do seu departamento. Daniela Pacheco, da Deloitte, reforça a importância de manter bases de conhecimento limpas e estruturadas. “Um dado limpo hoje será um dado sujo amanhã. Temos a responsabilidade de manter essas informações atualizadas”;
- Pense em um projeto-piloto: Escolha uma tarefa repetitiva e de baixo risco para ser seu primeiro teste com automação ou IA.
Legal Ops deixa de ser “apoio” e se torna o motor da eficiência jurídica
A consolidação de Legal Operations como modelo operacional é uma das tendências mais claras para 2026. Cada vez mais, áreas jurídicas eficientes operam com mais lógica de processo, métricas e priorização e menos com improviso e esforço individual.
E o investimento em um time de Legal Ops é tão relevante porque conecta jurídico, financeiro, comercial e compras. Quando esse fluxo não é bem estruturado, o jurídico vira gargalo. Quando é, vira habilitador do negócio.
Marco Moreira, gerente jurídico da Livelo, sintetiza perfeitamente a relevância da área: “Legal OPS é a base para um jurídico preventivo”. Ele reforça que essa estruturação depende da definição de SLAs (Acordos de Nível de Serviço), da medição correta de dados para a tomada de decisão e, crucialmente, da proximidade entre o jurídico e as demais áreas de negócio.
Em outras palavras, Legal Ops é o time que olha para dentro do departamento para otimizar os fluxos de trabalho, definir metas claras, escolher a tecnologia certa e garantir que a transformação pretendida realmente aconteça.
💡 Mas como começar a estruturar essa área?
1. Diagnóstico: onde estamos?
Antes de qualquer mudança, é preciso entender o cenário atual. Esta fase é sobre investigação e mapeamento.
2. Estratégia: para onde vamos?
Com o diagnóstico em mãos, é hora de definir as prioridades. Não tente resolver tudo de uma vez.
- Defina 1 ou 2 KPIs para focar inicialmente;
- Priorize o problema que gera mais “dor” para o negócio ou que oferece o “ganho rápido”;
- Crie um roadmap simples para os próximos 3-6 meses.
3. Soluções: como chegaremos lá?
Esta é a fase de testar ferramentas e redesenhar processos para atingir as metas definidas na estratégia.
- Pesquise e teste soluções do mercado que atacam o seu problema prioritário;
- Comece com um projeto-piloto em uma área ou com um tipo de documento específico;
- Colete feedback constante dos usuários para fazer ajustes rápidos.
4. Escalar: como crescemos de forma sustentável?
Após validar a solução no projeto-piloto e comprovar seu valor, é hora de expandir.
- Apresente os resultados do piloto para conseguir o engajamento de outras equipes;
- Planeje o rollout da nova solução ou processo para todo o departamento;
- Promova treinamentos e crie uma cultura de melhoria contínua.
Gestão de contratos passa a ser um tema de ROI, não apenas de compliance
Em 2026, áreas jurídicas serão cada vez mais cobradas a demonstrar impacto no negócio e, para muitos times jurídicos, traduzir o impacto da gestão contratual em números concretos ainda é um desafio.
Perdas por:
- Renovações automáticas não monitoradas;
- Multas contratuais;
- Cláusulas mal negociadas;
- Atrasos na formalização;
Tudo isso tem impacto direto em receita, margem e risco, e o CLM (Contract Lifecycle Management) ganha relevância justamente por permitir mensurar o que antes era invisível: tempo economizado, riscos evitados e eficiência operacional.
💡 Boas práticas para tangibilizar ROI
- Medir o tempo médio de criação, revisão e aprovação de contratos;
- Identificar perdas financeiras recorrentes ligadas à má gestão contratual;
- Criar indicadores simples: contratos vencidos, renovações automáticas, retrabalho.
A tendência para 2026 é evoluir a maturidade contratual
As tendências apontam para um mesmo caminho: o diferencial das áreas jurídicas em 2026 não será a quantidade de tecnologia adotada, mas o nível de maturidade da gestão contratual.
Inteligência artificial acelera análises, Legal Ops estrutura a operação e o ROI justifica decisões. Mas esses três pilares só geram impacto real quando caminham juntos, apoiados por processos claros, dados confiáveis e governança bem definida.
Empresas que tratam contratos apenas como documentos continuarão operando de forma reativa. Já aquelas que enxergam a gestão contratual como um sistema, com visibilidade, previsibilidade e métricas ganharão eficiência, reduzirão riscos e fortalecerão o papel estratégico do jurídico no negócio.
E a boa notícia é que essa evolução não começa, necessariamente, com grandes projetos ou investimentos complexos. Ela começa com diagnóstico, priorização, estrutura e decisões conscientes sobre como o jurídico quer operar.
Se 2025 foi o ano de discutir transformação, 2026 será o ano de executá-la e a maturidade contratual estará no centro dessa mudança.
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