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ROI do jurídico: como deixar de ser um centro de custo para virar gerador de receita

Da percepção de gargalo à geração de valor: como estruturar o jurídico para reduzir perdas, ganhar eficiência e influenciar decisões estratégicas.

O departamento jurídico tem sido tradicionalmente visto como um "gargalo" dentro das empresas, percebido como um obstáculo ao fluxo de trabalho. No entanto, esse mito está sendo desmentido com o uso de novas tecnologias e metodologias que otimizam processos. Neste post, exploraremos como transformar o jurídico em um aliado estratégico, superando barreiras e gerando valor para a empresa.

O jurídico não trava o negócio, a falta de visibilidade é que trava

 

Durante muitos anos, o departamento jurídico carregou o estigma de ser o “freio” da empresa. Sempre que algo atrasava, a frase surgia quase automaticamente: “está travado no jurídico”.

Mas, na prática, esse problema raramente está relacionado à atuação dos advogados, e sim à falta de processos claros, transparência e visibilidade sobre o fluxo de trabalho.

Quando ninguém sabe em que etapa o contrato está, quem é o responsável ou qual o prazo, a percepção de lentidão se instala. Muitas vezes, o jurídico sequer recebeu todas as informações necessárias ou está aguardando retorno da área solicitante.

Foi exatamente esse cenário que a Solar Coca-Cola enfrentava, veja o caso de sucesso. A partir da implementação do netLex, todo o ciclo de vida dos documentos passou a ser visível: etapas, responsáveis e SLAs ficaram claros para todos.

O resultado foi imediato: a percepção de lentidão desapareceu, porque agora a pendência tem nome, dono e prazo, seja uma revisão, uma assinatura ou uma correção solicitada.

A frase “está travado no jurídico” simplesmente deixou de fazer sentido.

A ineficiência jurídica custa muito mais do que parece

Para além de prejuízos relacionados à reputação do jurídico e à atrasos pontuais, um departamento ineficiente gera custos diretos e indiretos. Segundo a World Commerce & Contracting, empresas perdem, em média, 9% da sua receita anual por ineficiências contratuais. Em uma empresa que fatura 100 milhões, isso significa 9 milhões que simplesmente evaporam, muitas vezes sem aparecer claramente no balanço.

Custos diretos: quando a ineficiência bate direto no resultado

Os custos diretos são aqueles que podem ser percebidos com mais facilidade e, muitas vezes, até mensurados financeiramente:

  • Perda de oportunidades de negócio: contratos que demoram a ser aprovados podem significar vendas perdidas, projetos cancelados ou negociações que esfriam;

  • Multas, penalidades e sanções regulatórias: falhas no controle de prazos e obrigações contratuais podem gerar multas;

  • Renovações automáticas desfavoráveis: sem alertas e revisões, contratos são renovados automaticamente em condições ruins, mantendo preços desatualizados, escopos ineficientes ou fornecedores pouco estratégicos;

  • Gastos jurídicos desnecessários: a falta de padronização e organização leva a mais consultas externas, retrabalho de advogados e dependência de escritórios para questões que poderiam ser resolvidas internamente.


👉 Em resumo: são perdas que impactam diretamente faturamento, margem e custos operacionais e que, muitas vezes, poderiam ser evitadas com mais visibilidade, padronização e controle.

Custos indiretos: o prejuízo invisível que se acumula com o tempo

Já os custos indiretos não aparecem claramente nos relatórios financeiros, mas têm um efeito profundo sobre a eficiência e a saúde da operação:

  • Desgaste e sobrecarga do time jurídico: equipes presas a tarefas manuais, repetitivas e urgências constantes tendem a operar no limite, aumentando o risco de erros, turnover e perda de talentos;

  • Perda de credibilidade com áreas internas: quando outras áreas não têm visibilidade sobre prazos e status, o jurídico passa a ser visto como lento ou pouco colaborativo, mesmo quando o gargalo não está nele;

  • Decisões tomadas sem previsibilidade ou dados confiáveis: a ausência de uma base única de contratos obriga líderes a decidirem no “feeling”, sem clareza sobre riscos, obrigações ou impactos financeiros reais;

  • Tempo improdutivo espalhado pela organização: cada e-mail perguntando “como está o contrato?”, cada planilha paralela e cada follow-up manual consomem horas de trabalho que não geram valor;

  • Risco oculto e perdas não detectadas: falhas em contratos mal executados, cláusulas esquecidas ou obrigações não monitoradas podem gerar prejuízos que só aparecem quando já é tarde demais.


👉 Em resumo: são custos que não explodem de uma vez, mas drenam eficiência, confiança e capacidade de crescimento ao longo do tempo.

💡 Dica Prática: Mapeie quanto tempo contratos ficam parados, quantas renegociações são perdidas por atraso, quantos projetos são postergados ou cancelados e quanto retrabalho é gerado. Em seguida, estime o impacto financeiro desses gargalos — seja em horas de trabalho, oportunidades não capturadas ou custos adicionais.

O jurídico gera valor quando deixa de apagar incêndios


Falar que o jurídico “gera valor” virou um discurso comum mas, na prática, isso só acontece quando a área consegue sair do modo reativo e passa a atuar de forma intencional sobre os resultados do negócio.

Em departamentos menos maduros, o time jurídico fica tão absorvido por tarefas operacionais como revisar contratos sob pressão, responder urgências, buscar documentos em e-mails ou explicar repetidamente o status de solicitações que não sobra tempo para atuar de forma estratégica. 

Mas o que significa, de fato, “gerar valor”?

Gerar valor não é apenas “evitar problemas”. É influenciar positivamente decisões, resultados e crescimento da empresa. Na prática, isso significa usar contratos, dados e processos como ferramentas estratégicas e não apenas como instrumentos de controle.

Um jurídico que gera valor:

  • Antecipa riscos antes que eles virem crises;
  • Cria condições para que o negócio avance com mais segurança e velocidade;
  • Ajuda a empresa a ganhar eficiência, margem e previsibilidade.


Em outras palavras: o jurídico deixa de ser apenas um centro de proteção e passa a ser um habilitador do crescimento, um parceiro de negócio. Mas essa mudança não acontece da noite para o dia, ela exige revisão de processos, uso inteligente de tecnologia e, principalmente, uma mudança de mentalidade.

💡Dica prática: depois de traduzir os dados de ineficiência jurídica em números você terá os recursos necessários para começar a transição de departamento reativo, para estrategico, e algumas boas práticas que podem auxiliar são:

  • Padronize o que é recorrente: modelos contratuais, cláusulas e fluxos claros reduzem retrabalho e liberam tempo do time.
  • Crie fluxos visíveis para as áreas internas: quando todos sabem em que etapa o contrato está e quem é o responsável, o jurídico deixa de ser “cobrado” o tempo todo e ganha espaço para atuar estrategicamente.
  • Implemente SLAs realistas e públicos: prazos claros alinham expectativas e reduzem urgências.
  • Use dados para priorizar demandas: nem todo contrato tem o mesmo impacto no negócio. Classificar por risco, valor ou criticidade muda completamente a alocação de esforço.
  • Antecipe-se às áreas-chave: estar próximo de vendas, compras e financeiro permite que o jurídico participe antes da negociação fechar.
  • Acompanhe os resultados: monitore o tempo de aprovação, retrabalho e a satisfação das áreas internas. Jurídicos estratégicos não apenas geram valor, eles conseguem demonstrá-lo. E se o jurídico não mede seu impacto, alguém de fora vai medi-lo, provavelmente, apenas pelo custo.


A tecnologia é uma aliada, não solução mágica


Automatizar processos, padronizar documentos e fomentar uma cultura baseada em dados são passos fundamentais para melhorar a eficiência do departamento jurídico. No entanto, não adianta achar que a tecnologia sozinha vai resolver o problema.

De acordo com Cíntia Queiroz, Superintendente Jurídica da Tecban, a tecnologia, seja CLM, automação ou IA, não transformará o jurídico sem uma estratégia sólida e governança adequada.

Muitos departamentos jurídicos cometem o erro de implementar ferramentas tecnológicas sem ter uma estratégia clara. A digitalização precisa estar acompanhada de uma revisão de processos e de um planejamento adequado.

💡Dica Prática: Antes de investir em novas tecnologias ou redesenhar processos, é fundamental ter um panorama claro da realidade e do nível de maturidade da sua operação contratual. Sem esse diagnóstico, gargalos permanecem invisíveis e oportunidades de ganho acabam sendo subestimadas.

Para apoiar esse diagnóstico, o nosso Quiz de Maturidade Contratual ajuda a identificar o estágio atual da sua operação, apontando lacunas em visibilidade, padronização, automação e governança, além de sugerir próximos passos práticos para evoluir.

👉 Faça o Quiz de Maturidade Contratual e descubra o nível da sua operação

A partir desse entendimento, a evolução deve ser gradual. Revisar processos, ajustar fluxos e começar pequeno, por meio de POCs (provas de conceito) por exemplo, é a forma mais eficiente de testar melhorias, gerar aprendizados rápidos e comprovar valor antes de escalar mudanças mais profundas.

ROI do jurídico começa com visibilidade, estrutura e decisões conscientes

Ao longo deste texto, fica claro que o jurídico não é, por natureza, um centro de custo. Ele se torna um quando opera sem visibilidade, processos definidos e dados confiáveis. Quando isso acontece, a área passa a apagar incêndios, absorver urgências e lidar com perdas que raramente são atribuídas diretamente a ela, mas que impactam profundamente o negócio.

Por outro lado, quando o jurídico investe em estrutura, governança e clareza operacional, o cenário se transforma. Contratos deixam de ser fontes de risco invisível e passam a ser instrumentos de previsibilidade, eficiência e crescimento. O jurídico ganha credibilidade interna, reduz desperdícios e passa a influenciar decisões estratégicas com base em dados e não apenas em percepção.

O verdadeiro ROI do jurídico não nasce de uma ferramenta isolada, mas da combinação entre processos bem desenhados, uso inteligente da tecnologia e uma mudança de mentalidade: sair do reativo para o intencional, do operacional para o estratégico.

E essa transformação não exige rupturas bruscas. Ela começa com diagnóstico, priorização e testes controlados, medindo o que hoje é invisível, estruturando o que hoje depende de esforço manual e provando, com números, que o jurídico não apenas protege o negócio, ele também gera valor.

No fim, a pergunta deixa de ser “quanto o jurídico custa?” e passa a ser: quanto valor estamos deixando na mesa por não estruturar melhor a nossa operação jurídica?

Equipe netLex
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