Todo negócio nasce de um acordo. E todo acordo precisa ser formalizado em um contrato.
Mas o que muitas empresas ainda não percebem é o tamanho do impacto que uma má gestão contratual pode ter nos resultados do negócio.
De acordo com a World Commerce & Contracting, as empresas perdem, em média, 9% da receita anual por ineficiências contratuais. Isso significa que, a cada 100 milhões faturados, 9 milhões simplesmente evaporam, sem necessariamente aparecer no balanço, mas corroendo a operação aos poucos.
Essas perdas podem ter várias origens:
- Disputas judiciais, penalidades regulatórias e fraudes;
- Auditorias desfavoráveis que reduzem valuation;
- Falhas operacionais e contratos mal executados;
- Renovações automáticas sem revisão;
- E, principalmente, falta de visibilidade sobre o que foi contratado e o que está sendo cumprido.
Tudo isso é reflexo de um mesmo problema: baixa maturidade contratual.
E quanto menor o nível de maturidade, maior a perda financeira, operacional e reputacional.
A boa notícia é que esse cenário pode mudar. Por isso, iniciamos esta série de conteúdos sobre Maturidade Contratual, para te ajudar a entender onde sua empresa está, quais desafios enfrenta e como avançar rumo a uma gestão mais estratégica.
Em cada artigo, vamos explorar um dos pilares que sustentam essa jornada.
E hoje, começamos pelo primeiro: a Segurança.
Segurança é o alicerce do ROI em contratos
Em uma operação jurídica, não existe ROI positivo se não houver segurança. Contratos não são apenas documentos: são compromissos jurídicos e financeiros que sustentam a empresa. Um contrato mal elaborado pode custar caro em multas, litígios, perda de receita ou até em danos reputacionais.
O conceito de segurança em contratos é amplo e envolve muitas variáveis, mas pode ser traduzido em três aspectos práticos e mensuráveis que determinam o nível de maturidade contratual de uma empresa:
- Visibilidade: acompanhar prazos, renovações e obrigações contratuais, saber quem aprovou, quem alterou e em que momento, criando um histórico auditável, evitando falhas operacionais e auditorias negativas, além de perdas de valor invisíveis e exposição reputacional da empresa.
- Workflow: garantir que contratos passem por fluxos adequados de aprovação e revisão, bem como garantir consistência e previsibilidade, evitando fraudes, litígios e penalidades;
- Conteúdo: assegurar aderência a leis, normas setoriais e políticas internas, evitando penalidades regulatórias;
Sem esses elementos, o jurídico pode até ser rápido, mas estará construído sobre areia movediça. Nos próximos tópicos, vamos aprofundar em cada um deles, com desafios comuns e soluções práticas para evoluir no pilar de Segurança.
1. Visibilidade: o primeiro passo para reduzir riscos ocultos
A falta de visibilidade é, possivelmente, o maior inimigo da segurança contratual.
Quando contratos estão dispersos em e-mails, pastas ou sistemas diferentes, a empresa perde o controle sobre o que foi contratado, o que está sendo cumprido e o que está em risco. Essa falta de clareza pode gerar perdas silenciosas, como renovações automáticas não revisadas, obrigações descumpridas e penalidades que surgem sem aviso.
Em empresas de baixa maturidade, essa fragilidade é comum: o jurídico atua de forma reativa, correndo atrás de informações e tentando reconstruir históricos. Já em operações maduras, a visibilidade é tratada como a base da governança contratual, permitindo decisões rápidas, auditorias tranquilas e um controle muito mais fino sobre prazos, riscos e responsabilidades.
Principais desafios:
- Contratos armazenados em locais diferentes (pastas, e-mails, drives);
- Falta de clareza sobre prazos, renovações e obrigações;
- Dificuldade em saber quem aprovou ou alterou determinada cláusula.
Como resolver:
💡 Centralize todos os contratos em uma plataforma única, com um repositório inteligente que:
- Permita localizar contratos em segundos, com filtros inteligentes;
- Registre histórico de edições;
- Ofereça painéis e lembretes automáticos de controle com prazos e indicadores de risco.
Essa visibilidade não apenas evita perdas financeiras e falhas operacionais, como também cria rastreabilidade e confiança para auditorias e tomadas de decisão.
2. Workflow: a virada de chave para alcançar o equilíbrio entre segurança e agilidade
Um dos grandes dilemas enfrentados por áreas jurídicas é equilibrar segurança e velocidade. Historicamente, em busca de segurança, o jurídico costuma sacrificar velocidade: revisando cláusula por cláusula, exigindo aprovações extras e alargando o ciclo contratual. Enquanto isso, as áreas de negócio pressionam por agilidade, com medo de perder oportunidades.
O problema é que, quando esses dois lados operam em extremos, o resultado é sempre ineficiente: o jurídico se torna um gargalo e, ao mesmo tempo, erros acabam passando despercebidos.
Empresas maduras entenderam que a solução não está em escolher entre segurança ou eficiência, e sim em estruturar workflows inteligentes, que ajustam o nível de rigor conforme o risco envolvido.
Principais desafios:
- Falta de clareza sobre quem é responsável por cada etapa;
- Processos manuais que alongam o ciclo contratual;
- Revisões desnecessárias para contratos de baixo risco (burocracia).
Como resolver:
💡 Estruture workflows automatizados e baseados em risco, com:
- Fluxos simplificados para contratos de baixo impacto;
- Revisões obrigatórias apenas em contratos de alto risco;
- Notificações automáticas de prazos, pendências e aprovações;
- Visibilidade total do status de cada contrato.
Além disso, outra ferramenta capaz de ajudar a evolução da segurança contratual é a criação de uma matriz de risco bem estruturada. Ela permite acelerar o que é simples e aprofundar o que é crítico: contratos de baixo risco podem seguir fluxos simplificados, enquanto contratos de alto risco passam por aprovações específicas, revisão criteriosa e análise de cláusulas sensíveis. Essa calibragem evita tanto o excesso de burocracia quanto as brechas de segurança, e é exatamente o que diferencia empresas em estágio inicial daquelas que atingem alta maturidade contratual.
"Maturidade contratual não é revisar tudo o tempo todo, mas saber exatamente qual fluxo cada contrato deve seguir. É isso que garante segurança, acelera a eficiência e transforma contratos em ativos estratégicos."
- Flávio Ribeiro, CEO do netLex
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3. Conteúdo: quando é consistente, coloca a segurança no piloto automático
Por fim, não há segurança sem consistência jurídica. Mesmo que você tenha visibilidade total e workflows bem desenhados, tudo isso perde força se o conteúdo contratual não estiver padronizado e atualizado.
É comum que, em empresas em estágio inicial, cada área produza seus próprios contratos, copiando modelos antigos ou alterando cláusulas sem alinhamento com o jurídico. O resultado é um portfólio fragmentado, com riscos jurídicos e operacionais ocultos, como cláusulas contraditórias, brechas de responsabilidade e falhas de compliance.
Empresas em alta maturidade contratual tratam o conteúdo como um ativo vivo, revisado e aprimorado constantemente, com base em aprendizados, jurisprudências e políticas internas. Assim, garantem previsibilidade e reduzem o tempo de elaboração de novos contratos.
Principais desafios:
- Contratos criados do zero por diferentes áreas, sem padrão;
- Cláusulas desatualizadas ou divergentes entre documentos;
- Risco de incoerência jurídica e perda de proteção.
Como resolver:
💡 Adote templates inteligentes e padronizados, que:
- Trazem cláusulas aprovadas pelo jurídico;
- Evitam duplicidades e inconsistências;
- Garantem compliance com leis e políticas internas;
- Aceleram a criação de contratos, reduzindo erros humanos.
Quando o conteúdo contratual é padronizado e previamente aprovado pelo jurídico, a segurança deixa de ser um esforço manual e passa a ser parte natural da operação. Templates inteligentes reduzem a variabilidade entre documentos, evitam erros recorrentes e garantem que cada contrato seja criado já dentro dos parâmetros jurídicos e regulatórios necessários.
Segurança é o ponto de partida da eficiência
Segurança não é um freio: é o que permite acelerar com confiança. Empresas maduras entendem que só é possível alcançar eficiência verdadeira quando o risco está sob controle. Contratos seguros não são apenas uma proteção jurídica, são um ativo estratégico que garante previsibilidade e libera tempo e energia para o negócio crescer.
No próximo capítulo da nossa série sobre Maturidade Contratual, vamos falar sobre o segundo pilar: Eficiência e mergulhar em como automatizar processos, eliminar gargalos e transformar o jurídico em um verdadeiro motor de produtividade.